terça-feira, 9 de junho de 2020

Reconectando com quem sou

Pois é...aniversário chegando e o mundo me esbofeteando com o resultado de um ano muito desregrado e sem amor por mim.
Sem amor, porque ao perder mais uma vez um filho tão amado e desejado deixei para lá o que me mantinha forte para seguir minha saúde. Descobri que fazia por ele e não por mim.

Sozinha, porque aceitei me mudar para outra cidade, estar longe de onde cresci e depois longe de novo trabalho para que o marido pudesse participar mais ativamente da vida do enteado. Isso pouco acontece, pois a mãe não permite mais proximidade e mais dias conosco e minha vida se tornou um inferno ao gastar mais de 3 horas indo e voltando ao trabalho.

Humilhada, pois me sacrifiquei e fui jogada porta a fora de um emprego que dei sempre meu melhor...no momento em que mais precisava estar ali. Retornando de uma licença aborto e sofrendo com cada pedaço de mim. 

Sozinha, completamente sozinha. Amigos nos ajudam, mas nao estao a todo tempo conosco. E muitos não entendem a sua dor de verdade. Dificil acolher se lá no fundinho você julga.

Seu marido, que precisava estar ali, para vc, para vcs...não está. E depois vc descobre que nao estava mesmo.

Quem te consola? a comida! As compulsões alimentares vieram a toda e o resultado disso é que mais uma vez estou mais pesada que o homem do elevador. 

Ah...mas nessa pandemia, e com isolamento social é mais dificil manter foco. Concordo! Mas o caso vem de antes disso! 5 quilos engordados de abril para cá...mas antes disso já havia quase 10.

O fígado e meus indices de sangue sempre maravilhosos, estao estranhos. E eu sigo ainda com aquela esperança que a maternidade irá bater na minha porta no próximo mes. 

No entanto, acho que preciso ser minha própria mãe primeiro. Olhar para mim com cuidado e carinho e me dar um grande abraço apertado e dizer: vem aqui pequena, vc é amada! Eu te amo e vou cuidar de vc! Me deixa cuidar de vc, deixa? Não precisa ser tão dura consigo. Isso acontece e vc sabe os passos que precisa dar, e que eles são lentos...mas vamos juntas. Estou aqui com vc.

Sempre fui minha própria compania. O grande lance é que eu acredito que esse processo de ser mae e pai precisasse ser junto e não sozinho. E eu queria junto. Eu quero. Mas está tão dificil acreditar que ele quer também. Tão dificil!

Fui aberta, entregue, eu mesma...recebi como resposta apenas braços e portas se fechando. Abri a boca por isso e não chorei. Apenas enguli. Enguli todas as dores, lágrimas e falta de acolhimento que, de fato, não tive.

Quero colocar tudo isso para fora e me libertar de todo peso que tenho carregado. Peso extra, peso gordo, peso que não é meu e nao quero para mim. Quero voltar a ser leve. Quero voltar a sorrir com a alma.

Beijos de uma futura mamãe;